quarta-feira, 17 de agosto de 2011

As alentadoras palavras do Laub

Sabe que lendo o blog do Michel Laub, um cara que gosta de listas para tudo, gostei bastante desta lista que vai a seguir. O mais interessante deste autor é a sinceridade e a lucidez. Sobre a produção literária dele falo outra hora.

Dez motivos para um escritor iniciante cursar uma (boa) oficina literária

Postado em Listas, Livros em 07/09/2009 por Michel Laub (O jornal Zero Hora me pediu e publicou esta lista numa matéria sobre o livro Oficinas Literárias: Fraude ou Negócio Sério?, de  José Hildebrando Dacanal):
1. Para quem está num nível ainda básico de texto, é a chance de queimar rapidamente etapas iniciais e obrigatórias do aprendizado.
2. Para quem nunca estudou letras nem gostou de ler crítica, é a chance de ter contato, mesmo que resumido, com as principais técnicas, discussões e correntes da história da literatura. Parece burocrático, mas evita a tentação de reinventar a roda.
3. Para quem só teve o texto avaliado pela mãe e pela irmã, é a chance de ouvir opiniões de gente com algum distanciamento e alguma afinidade com a literatura.
4. Para quem é indisciplinado ou tem dificuldade de se concentrar, é a chance de passar um tempo escrevendo regularmente, o que é sempre benéfico.
5. Para quem está ansioso por mostrar seu trabalho, é a chance de evitar jogá-lo sem filtro num blog ou livro pago do próprio bolso, o que no futuro será fonte de culpa e horror.
6. A oficina treina e melhora a leitura, o que é condição básica para fazer ficção.
7. Para muita gente esta é a primeira chance de conviver ao vivo com quem gosta de escrever. Isso pode ser importante em muitos aspectos, dos mais solenes – troca de experiências, leituras e opiniões – aos mais dramáticos e divertidos – contatos futuros, informações sobre o meio literário e editorial, observação do comportamento alheio em guerras de ego, etc.
8. Uma oficina decente faz exercícios com diversos estilos, narradores, registros e eventualmente gêneros. Isso pode ajudar a descobrir uma vocação escondida.
9. Ainda no item 8: a oficina não dá talento a ninguém, e sim melhora a técnica, que é o instrumento para levar o talento à página em branco. Não imagino como possa acontecer o contrário, isto é, as aulas castrarem o potencial de alguém.
10. Ainda no item 9: há um momento, depois de terminado o curso e passado algum tempo, em que o aluno precisa se libertar do que aprendeu em aula. Mas até para isso a oficina é útil: ela dá os instrumentos para que este aluno encontre sua própria voz, se ela existir em algum lugar.

Oficina na CCMQ

Hoje inicia, para o meu deleite, uma oficina de escrita em prosa na Casa de Cultura Mário Quintana. Alguns podem perguntar se eu quero ser escritor ou crítico. Se é preciso uma graduação para isso, então estou no caminho certo, mesmo que questione isso também. Gosto de me divertir, de fazer coisas que me dão satisfação, de ouvir pessoas que, ao meu juízo, têm algo a dizer, mas sempre com critérios mínimos de tolerância. Ficar vendo novela das oito e das nove aceitando que são folhetins contemporâneos me dá náusea e pedras nos rins. Quem sabe no meio desse Playcenter mental não surge algo de valor? 

Salvando a prosa

Daniel Galera, em seu livro de contos "Dentes Guardados", salva a prosa do cansaço...

Ainda na questão da poesia

Acrescento que é mais ou menos o que um amigo disse: "tira a mão da consciência e coloca a mão na consistência". Numa livre interpretação, é claro não imune aos críticos-superegos-de-plantão, é o que a poesia faz na essência...

Mineirinho bom de poesia

E há 24 anos morria o mineirinho Carlos bom de poesia...

Constatação

E se não há um "reinventar da roda ou das palavras" na prosa, a poesia se encarrega de fazer isso... 

Comentário nada nonsense

E se eu gosto dos cânones, o que há de mau nisso? Os autores de agora não ficam repisando, com maior ou menor grau de fragmentação, sobre as mesmas temáticas de sempre? Ao menos os autores antigos estavam mais próximas da criação do mundo...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sortimentos nonsense

Desde que eu descobri que o índio nu esquisito dos sonhos de Morrinson era apenas o traficante-indiano-faquir que levava os cachorros para cagar no chão que fedia à goiaba, comecei a desconfiar.Possivelmente Madame Depussy, a sazonal, cujos peitos nunca viram boca de criança, e que sabe a diferença entre um japonês, um chinês e um coreano de olho, riria de mim e diria: - Percebas que Che vestia bem a ternura quando disparava o fuzil. Não te incomodes. Funda o teu país!!!

Roteiro de um suicídio

Compreender o dualismo das penas e das perdas,
para ver no mínimo aquilo que pulsa.
A fúria, o grito, dor e gelo.
Mentira. Verdade. Tarde. Tardo.
A memória põe luz e enquadra o vinho derramado.
A dança de um voo a favor do sol na saída,
acariciando estrelas bailarinas.
Por que não é preciso morrer em partes
para nunca mais voltar!