segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Liquidação


O boteco dos desejos anuncia o último dia de tudo:
quadros, cigarros, fotos, livros, coxas, nádegas, seios e ventres gastos e murchos.
Um gago grita: - Dá-me um pouco do calor da vida!  Quero me lambuzar!
Ninguém o escuta, ninguém o entende.
Os velhos se revoltam pelo ressecamento do sentido, do corpo.
Ainda uma vez querem carne, nervo, sexo, sono.
Mas não há sortimento.
Morreu a poesia?
Ou partiu-se o verso em mil esperanças?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A menina das rosas


A torneira arruína a espontaneidade do ácido
No ruído da gota do remédio na colher.
No fundo do bar, entre-dentes e cabelos oleosos
Vertical, simples e forte
Desliza a menina das rosas
E o meu sofrimento.