Apesar da vasta produção literária do Ocidente, podemos, via de regra, eleger algumas obras como as melhores dessa tradição: aquelas que, lidas e relidas em qualquer momento da nossa vida, sempre encontrarão eco. Para mim, Crime e Castigo, Ilíada, Dom Quixote e Metamorfose são bons exemplos. No entanto, também existem obras que podem figurar nessa "lista", mas que não precisam, necessariamente, ser relidas: é o caso da Divina Comédia, do Dante.
É um livro até certo ponto interessante, prefigura ou pinta, salvo melhor juízo, a primeira imagem do Inferno e do Diabo na cultura cristã. Do Purgatório e do Paraíso nem falo, porque são capítulos bem chatos. O tom moralizante das três partes incomoda. Entendo todo o contexto de produção, mas nem por isso me convenço de que preciso reler A Divina Comédia. Se alguém tiver argumentos para me demover dessa posição, por favor os exponha e me convença da heresia. Por hora, deixo Dante guardado na minha biblioteca sem qualquer arrependimento, pois até certas obras do cânone podem estar com os dias contados. Heresia é não pensar assim.
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