sábado, 10 de dezembro de 2011

A hora de partir


Desta vez ela apareceu sem ligar. Entrou e percorreu demoradamente as prateleiras da minha biblioteca. Passou a mão em um dos livros e me perguntou se eu ainda acreditava naqueles poetas. Já acreditei mais, eu disse. “Hoje tenho fé, mas não tenho esperança”. Ela sorriu. “Leia pra mim o primeiro poema deste”. Li. Ela apanhou o livro da minha mão e pediu que eu o autografasse. Respondi que não. A obra não era minha. Continuou a olhar-me. Sem compreender bem resolvi assinar. Ela agradeceu, guardou o exemplar e despediu-se. Era hora de partir.  

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